O ônus da morte de José Saramago
Foi a ela, de cujas intermitências, um dia, ele tratou;
que hoje, com uma discreta altivez, ele se entregou.
“Morre o único Nobel do Português”:
é só o que dizem os jornais.
Mas ninguém se importou.
Lá fora, ao som das vuvuzelas,
O povo grita, louco, cada vez que sai um gol.
Estamparam-lhe a foto do perfil, do rosto,
das mãos, dos livros, dos óculos de aros garrafais.
Por um dia a literatura foi a notícia da vez.
Um só dia e nada mais.
No dia seguinte ninguém mais lembrou.
Lá fora, ao som de buzinas e festas,
O povo se agita, rouco, cada vez que sai um gol.
Pobres de nós que esperamos pelo grito do Adamastor.
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