sábado, 24 de julho de 2010

Palinha

O pessoal que lida com música é que poderá dizer se utilizo os termos certos na hora de nomear minhas postagens. O que eu sei é que desejo dar uma amostra dos poemas que entraram no Verdades. Para isso, apresentarei outros poemas (meus) que criei a partir dos poemas que os colegas incluíram no livro.

Faltará a referência e isso por um lado é ruim. Por outro lado, porém, pode servir de aperitivo para o livro inteiro, que então será mais desejado - pelos autores e pelos curiosos que a minha postagem possa atrair.

Minhas criações alheias

1. Esforços no tempo (a partir de um poema de Hernany Tafuri)

Após acolher as saudades
e desvanecer os sonhos,
(matematicamente desfeitos
em cogitações filosofais)
resta ao poeta - e ao cidadão -
os deveres mais abjetos
e, no entanto, mais normais:
deixar-se devorar por números,
papéis, compromissos e trâmites legais.

Daqui em diante,
o que vier
será custo.

Um assunto delicado

Não sei ainda como os colegas de empreendimento literário receberão essa mensagem, mas creio que é preciso ser claro a respeito desse tipo de coisa. Nossas "Verdades Provisórias" foram eliminadas no certame da Funalfa por algum problema com a documentação exigida no edital.

Embora a maioria de nós atue como "burrocratas" durante o dia (afinal, alguém precisa pagar as contas...); a reação apaixonada que sucedeu ao recebimento da má notícia foi uma reação dos artistas que somos (ou que pretendemos ser) e cujo projeto foi abortado sem sequer ser lido. Doeu.

No calor do momento, falamos em publicar por nossa própria conta e risco, mas, passados os dias (e com a chegada das férias) os ímpetos de publicar de tal maneira estão se perdendo. E eu pergunto aos meus colegas, a mim mesmo, a todos nós: VAMOS ou não vamos???


Aos leitores: caso a resposta seja afirmativa, ou seja, VAMOS MESMO PUBLICAR, contamos com a torcida de todos. E com umas moedinhas também.

domingo, 4 de julho de 2010

O ônus da morte de José Saramago


O ônus da morte de José Saramago

Foi a ela, de cujas intermitências, um dia, ele tratou;
que hoje, com uma discreta altivez, ele se entregou.
“Morre o único Nobel do Português”:
é só o que dizem os jornais.

Mas ninguém se importou.
Lá fora, ao som das vuvuzelas,
O povo grita, louco, cada vez que sai um gol.

Estamparam-lhe a foto do perfil, do rosto,
das mãos, dos livros, dos óculos de aros garrafais.
Por um dia a literatura foi a notícia da vez.
Um só dia e nada mais.

No dia seguinte ninguém mais lembrou.
Lá fora, ao som de buzinas e festas,
O povo se agita, rouco, cada vez que sai um gol.

Pobres de nós que esperamos pelo grito do Adamastor.