sábado, 28 de janeiro de 2012

Morada

Senta, enverga e sua.
Ela pega na foice,
ela brinca de gente,
ela força um sorriso
pro filho com fome,
ela traz essa vida
entre os dentes.
Ri seu desespero,
com braço enfaixado
de agulha socada
na carne que pulsa,
ela cospe a ferrugem
dos anos a feno,
dos nós desatados,
do leite perdido,
ela cose a esperança,
ela suja essa terra,
com cara de tacho,
com cara de macho,
com tinta caseira
e mão de artista.
Ela sofre o passado,
ela olha ele mesmo,
ela colhe os farrapos
da vila que existe
na palma da mão.

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