sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Silêncios desbocados


Para cada palavra aranha:
uma teia de lembranças!
Para cada palavra grama:
uma saudade obesa come!
Para cada palavra manca:
um silêncio desbocado corre!
Para cada distância marota:
um mar oco repleto de abismos!
Para cada trôpego sucesso:
uma rosa cor de chumbo eterna!
Para cada gesto mudo:
o mundo inteiro surdo chora!
Para cada passo púrpura:
um azul sorriso contundente!
Para cada sobremesa:
um sobressalto calculado!
Para cada arranha-céu:
um esparadrapo cor de estrela!
Para cada porta fechada:
mil janelas abertas e um até já!
Para cada pão dormido:
um bom dia sem pensar!
Para cada palavra morte:
um perpétuo silêncio doce,
um último pijama novo,
um banquete natural aos vermes
e à paz que rói nossos calcanhares.

Ouro: XVIII Concurso Nacional de Poesia “Acad. Florestan Japiassu Maia”

Nenhum comentário:

Postar um comentário